· Dra. Valéria Rossato · Dermatologia · Peelings químicos - uma revisão sobre o que funciona |
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ESTÉTICA
Peelings químicos - uma revisão sobre o que funciona

18 de agosto de 2021

Peelings são procedimentos realizados em consultório dermatológico há muitos e muitos anos, nossos aliados no tratamento de diversos problemas de pele.

Estão em terceiro lugar no ranking de procedimentos estéticos realizados, atrás da toxina botulínica e da aplicação de preenchedores de ácido hialurônico.

São procedimentos muito populares devido ao seu benefício com pouquíssimos riscos se realizados por profissionais experientes.

É importante explicar que os peelings podem ser físicos ou químicos.

Os peelings químicos são os que utilizam algum tipo de ácido com o propósito de produzir uma reação química controlada, enquanto os físicos se baseiam no lixamento da pele, como é o caso dos tratamentos feitos com cristais. Aqui iremos falar sobre os peelings químicos, que são os mais estudados e utilizados.

O procedimento tem o objetivo de atingir as células da camada epidérmica (a camada mais superficial da pele), que são chamadas queratinócitos. Em alguns casos, onde queremos uma maior estimulação de colágeno por exemplo, também pode ser desejado atingir a camada dérmica superficial (a segunda camada depois da epiderme). A intenção é causar uma reação local controlada, removendo células danificadas para que novas células, mais saudáveis e bonitas, sejam produzidas.

Em termos mais técnicos, as substâncias cáusticas que utilizamos causam uma coagulação desses queratinócitos (células da pele) e desnaturação das proteínas na epiderme e derme, resultando em liberação de citocinas pró-inflamatórias. Todo esse mecanismo culmina na estimulação da cascata de cicatrização, o que inclui a deposição de novo colágeno, reorganização das estruturas e regeneração dos novos queratinócitos.

Essas células “velhas” que são destruídas para que novas células venham, descamam (por isso da descamação dos peelings) e levam junto pigmento (melhora de pigmentação e manchas), sebo (melhora de acne) e outras coisas que não desejamos na nossa pele.

As indicações para estes procedimentos são basicamente estéticas:

- Rejuvenescimento

- Acne

- Despigmentação

- Neoplasias pré-malignas

Classificamos os peelings em superficiais, médios e profundos.

O médico avaliará o problema de cada paciente e indicará qual a profundidade necessária de ação do peeling dependendo de onde está o problema do paciente (se na camada epidérmica, dérmica superficial, dérmica média).

Os produtos mais utilizados para peeling superficial são:

- Ácido glicólico: é o alfa-hidroxi-ácido mais testado e estudado. Utilizado na concentração de 30-50%, tem ótimos resultados em hiperpigmentação superficial como melasma, leve a moderado fotodano e rugas fininhas. É necessário utilizar um agente neutralizante como bicarbonato de sódio. Importante então, ter cuidado e realizar apenas com profissionais treinados.

- Ácido mandélico: derivado de extrato de amêndoas amargas, também um tipo de alfa-hidroxi-ácido, mas com uma estrutura um pouco diferente. Essa substância dissolve tanto em água quanto em soluções orgânicas polares, o que na prática significa uma penetração mais uniforme pelas áreas mais “gordurosas” da pele.

Ótima opção para controle da produção de sebo em pacientes acneicas. Tem um downtime pequeno, de 3-5 dias, e é possível realizar o peeling a cada 15 dias.

OBS: Downtime é o tempo que o paciente demora para ficar com a pele totalmente cicatrizada depois do procedimento.

- Ácido láctico: muito parecido com o ácido glicólico, tem as mesmas indicações. Parece ter um downtime menor do que o ácido glicólico, ou seja, fica menos dias com vermelhidão e descamação.

- Ácido salicílico: o queridinho das pacientes com oleosidade e espinhas. É um beta-hidroxi-ácido, pouco solúvel em água e muito solúvel em gordura, o que permite a deposição do produto nas áreas com maior produção de sebum, diminuindo o folículo danificado pela acne.

Não funciona bem para pigmentações e rugas, sendo mais utilizado no contexto de acne mesmo.

- Ácido pirúvico: é parecido com o ácido salicílico, porém tem um pouco menos de afinidade por gordura e um pouco mais de afinidade para água. Portanto, funciona menos para acne, mas acaba funcionando um pouco para hiperpigmentações e ruguinhas.

Necessita substância neutralizante.

Para peeling médio, os mais utilizados são o ácido tricloroacético e o ácido glicólico em concentrações mais elevadas.

Falaremos sobre esse em um outro post, mas já adianto que é muito utilizado para as manchinhas da idade, chamadas melanoses solares ou lentigos senis, bastante comuns em áreas fotoexpostas como dorso das mãos e face.

Muitas vezes o médico utiliza substâncias pré-peeling, como a solução de Jessner, para um melhor resultado, mas depende da indicação de cada caso.

Seguir um protocolo adequado de procedimentos é extremamente importante, pois muitos desses tratamentos necessitam de sessões seriadas.

Vários cuidados são necessários, como uso de filtros solares e hidratantes conforme indicação, não se expor ao sol de jeito nenhum para não surgirem manchinhas e às vezes, dependendo da profundidade do peeling, o uso de medicações antivirais ou antibióticas.

Dica: tenha uma boca noção dos seus compromissos sociais ou profissionais, porque é normal ocorrer vermelhidão e descamação por até 5 a 10 dias.

 


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